Se eu te contasse essa história você não
acreditaria. Não mesmo. Eu, ser vivo e totalmente capaz de andar, falar, ler,
escrever, interpretar, enxergar, sentir e pressentir, não acredito. Essa
história não pertence a mim, nem a você, nem a ninguém. Como eu disse, se eu te
contasse, você não acreditaria. Não sou familiarizada com as ciências humanas e
tão pouco seria capaz de explicá-la nas ações humanas. Afinal, o que é ser
humano? Desculpe. Eu me posicionei de forma errada. Não me entenda mal, eu
estou tentando descrever o que é ser - o verbo, humano. Uma vez eu li na bíblia
que Deus era o verbo que se tornava o homem, ou era o homem que se tornou
verbo, não lembro exatamente. Aqui contém erros de gramática de uma
menina-mulher de 20 anos que mal sabe ou entende o porquê de estar digitando
estas palavras sem sentido neste computador. Olho as minhas mãos e vejo que
elas se movem rapidamente, já estão familiarizadas com o ato de datilografar.
Não sei por que mudei o rumo deste texto, simplesmente estou sentada, viva,
enxergando e lendo tudo o que eu estou escrevendo, enquanto tomo uma xícara de
café, que por sinal ficou muito forte. Eu gosto de café forte. Estas palavras,
estes pensamentos estão saindo da minha cabeça e poucas vezes eu os pauso para
tentar perceber o porquê. Por quê? Por que os seres humanos são capazes de
fazer o que fazem? Digo, nós somos capazes de tudo. Todos os tipos de coisas.
Um turbilhão de pensamentos aqui dentro e eu só estou tentando coloca-los para
fora. Não que eu não tenha outro ser humano que esteja perto de mim para falar,
com a boca, por que é isso que os seres humanos fazem. Eles falam com outros
quando pensam, ou falam pra si mesmos. Bom, supomos que eu não tenha com quem
falar, aliás, neste caso, falar não seria o verbo correto a se aplicar. Eu só
tenho esses pensamentos e não sei o que fazer com eles. Você já pensou no
quanto você pensa em coisas? Acabei de pensar que esse texto não tem parágrafo.
Na verdade eu gosto dele assim, não vou colocar parágrafos. Se bem que pra quem
lê-los algum dia ou hora vai ficar meio difícil, a não ser que eu dê mais
espaçamento nas letras. Não sei se é assim que os leitores de coisas que os
seres humanos escrevem se sentem. Quer dizer, você consegue ler isso né? Penso
que poderia estar se perdendo nas entrelinhas.
Eu me perdi.
O que eu realmente estou tentando fazer
aqui é me testar. Ver se eu sou um ser humano aceitável para os outros seres
humanos. Sempre tento me aceitar “como sou”. Ou como estamos acostumados a
tentar nos aceitar com inúmeros bombardeios de “aceitem-se”. Ontem mesmo eu
publiquei uma frase em um mini blog que eu tenho: accept who you are (aceite quem você é, em inglês.). Mas eu? Eu...
eu não sei quem eu sou. Acho que já usei alguns “na verdade” neste texto, mas,
na verdade, quem sou eu? E você, você que está lendo isso agora, quem é você?
Não é possível que essa seja uma pergunta que nenhum ser humano consiga
responder. E olha que diversas pessoas se definem, 24h por dia. Se auto
afirmam. Eu sou negro, eu sou rico, eu sou feliz, eu sou triste. Quer dizer...
nós não podemos ser o que sentimos que somos, né? Nós somos o que somos e eu
não sei o que somos. Acho que nunca escrevi um texto tão longo e sem sentido.
Não tenho plena certeza de que sou um “ser”. Muito menos que sou humana. Não é
como se eu fosse um alienígena, nem que eu tenha cometido atrocidades e coisas
boas e diversas outras coisas que eu nem sei se existem. Mas o ser humano é um
tanto quanto difícil de se entender. Eu mesma não estou conseguindo entender os
motivos de estar aqui, neste momento, escrevendo estas coisas. Parei por alguns
segundos pra tentar entender, mas me parece impossível. Essa história de ser, a
que eu perdi tentando entender, a que nem eu acredito... como é que funciona?
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